DEPOIMENTO PESSOAL SOBRE A PASSAGEM DE JÚPITER EM CÂNCER NO MEU CÉU


Júpiter mergulhou nas águas cancerianas em 25 de junho de 2013 e aí permaneceu até a dois dias atrás. 

Júpiter é link direto com o conhecimento, a sorte, as graças concedidas, a fé e também com os excessos, tanto nas questões concretas quanto em relação à confiança desmedida que possamos ter em relação a qualquer coisa.

Se na Mitologia é Zeus, o Deus dos deuses e é aquele que guarda a lei, que dá contorno à ética e que atribui significado às experiências, mexo e remexo em meu coração tentando clarear como é que tudo isso se deu em relação aos assuntos cancerianos da minha vida e que, diga-se de passagem, são comuns a todos nós.

Família, a sensação do porto seguro de fato assegurado, construção e manutenção do ninho, proteção, cuidado com o mundo emocional, com o que nutre verdadeiramente, com as imagens, a memória, com o que não é um passageiro fast-food. Certa vez escrevi a respeito de uma imagem que me vêm à cabeça sempre que penso nisso: uma acolhedora fogueira, convidando os afetos a se sentarem ao seu redor.

Não posso dizer que visitei especialmente o passado neste ano, porque o faço sempre. Meus avós, por exemplo, não têm um dia em que não sejam lembrados. O cuidado que dispensaram foi de tamanha força que até hoje me sinto amparada. Meu pai biológico, que quando eu tinha 09 meses, em 15 dias se recolheu para perto dos deuses, também costuma ser presente.
T
enho um gato, um dos sete que se agregaram à nossa família humana, que é o olhar do meu avô, identifiquei no instante que o vi e já não pude me separar dele. Trocamos impressões nos olhando.

Isso me faz pensar em como temos necessidade de encontrarmos familiaridade em tudo buscando a sensação de pertencimento que nos dá fio terra.
Enquanto Júpiter passeava por Câncer, virei andarilha pelas minhas raízes biológicas e da família eleita, independente dos laços de consanguinidade que para mim, de fato, não tem maior importância do que o DNA distanciado.

O novo entendimento, experimentado e não teorizado, é libertador. Sentimentos foram desafiados a se expressarem com mais calma e abertura. Menos passionalidade de minha parte e ainda me estranho nisso.
Ganhei a humilde consciência que ser mãe do mundo é uma teoria de onipotência que já caiu por terra há séculos. E que cada um vai viver exatamente o que precisa viver. Inclusive eu mesma.

A pretensão de poupar o outro de sofrimentos é castradora e invasiva. Podemos estar perto, amparar, refletir junto. Mas jamais tentar eleger experiências que tragam sofrimento e nos empenharmos em afastá-las de quem amamos.
Um dos grandes aprendizados que Júpiter em Câncer compartilhou comigo foi a consciência deste equívoco: proteger demais desprotege. Ou seja, nem a nossa intenção vale, pois o resultado enfraquece, fragiliza. Nosso critério é apena nosso, e olhe lá.

O nó é que ao nos relacionarmos cancerianamente, levamos nossa Criança junto. Quem não a tem gritando suas dores dentro de si? E aí, é como se não houvesse renovação e sim repetição. Mesmo quando faço tudo exatamente ao contrário que me doeu, é apenas o outro lado da mesma moeda.

Ô deuses, a vida bem que poderia ter um ensaio de uns trinta e poucos anos, para que aí então, entrássemos nela para valer, em posse do nosso andar adulto. Não fazemos rascunho para tanta coisa? Pois então. Outra coisa que a vida deveria ter era trilha sonora. Mas isso, podemos fazer sempre.

A disposição em bordar apenas aquilo que é vivo em mim e que de fato faz sentido em meu universo não é novidade. Mas perceber que realmente é isso o que eu tenho feito, principalmente neste ano de Júpiter em Câncer, é uma alegria constante.

Valorizo por demais os vínculos e a intimidade emocional, grande espiral que vai se expandindo. Mas sei que minha expressão deixa a desejar. Pareço mais distante do que de fato sou. Recolhida, intensa, mais serena.

Outro dia uma amiga meio filha, reclamando de mim disse: - Mas Mô, você enchia balões e oferecia às pessoas de quem gostava! Respondi que a inspiração tinha ido para outras paisagens. Mas sei o que quis dizer, Melissa Vettore! E também sei que a fila dos que tem a reclamar é compridaaaaaa. Assim como penso que sei que não deixo ninguém de fato na mão. Por convicção, sim. Mas jamais por falta de amor ou distração, se é que alivia um pouco. Rs*

Acho que de alguma maneira, perdi um pouco do meu Netuno, talvez da minha melancolia, o que lamento. Mas continuo vendo poesia, e buscando por ela, mesmo nas situações mais áridas.

Júpiter olha para a vida com bons olhos e entusiasmo e assim tenho procurado fazer desde quando era uma mini criatura. Em momentos cancerianos, dizer que o horizonte não fica da cor da neblina é uma grande bobagem. Mas ter esta conexão em vista, saber da sua existência e desfrutar desta energia com o coração aberto ao que incansavelmente se renova, é VIDA!

Durante este ano, consolidei a estrutura da minha casa interior, tornei-a mais verdadeiramente hospitaleira, naquilo que para mim agrada trazer para dentro dela. E já não deixei entreabertas portas que permitissem entradas que não fizessem alquimia com o que por aqui floresce.

Gratidão por tantas experiências libertadoras, mesmo as que foram de despedida.

PS- Mas para que ser tão biográfica, Mônica? Sempre acho que estas coisas não interessarão a ninguém. Mas dizem que escrevemos para nós mesmos. E vai que alguém se sente acompanhada?
Por falar em acompanhada,esta foto é do Simão ao meu lado, enquanto escrevia este post. O Simão que tem o olhar do meu avô.

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