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"DIA DOS MUERTOS"

 



O “Dia De Los Muertos” é uma comemoração mexicana cheia de vitalidade, cor e intensidade, pois segundo a crença, é quando os mortos vêm visitar seus parentes. Ela é festejada com comida, bolos, música, fotografias,  doces preferidos dos mortos e caveirinhas de açúcar para as crianças. Os cemitérios ficam tomados pela festividade entre os dias 31 de outubro e 02 de novembro.


Esta é a festa com a qual mais me identifico e não considero nada de mórbido nisso. Para mim, que  já nasci com saudades,  pensar que é possível preparar-se para de alguma maneira materializar lembranças em formato  de comemoração dos amores que se foram, é um sossego.

Porque estes rituais concentram sentimentos, nos colocam em contato com o que de alguma maneira fica pulverizado em nosso cotidiano.

Tenho meus mortos muito próximos. Sinto-me protegida por eles, minhas pessoas e meus animais que se foram. Gosto do fogo da chama das velas que acendo em sua intenção, gosto dos objetos que carrego comigo, me sinto amparada pelos sonhos que já tive.

Vim viciada em apreender o sentido das coisas, trazer para minha alma, bordar junto. Preciso compreender, seja lá de que forma for. Seja na pele, no olhar, nos cheiros que me visitam, seja através do conhecimento que adquiro, da  troca com pessoas, ouvindo “causos”.  Eu me debruço sobre o que me desperta e isso para mim é praticamente o significado de estar viva. 

A maneira com que tratamos o fato de que a única certeza que temos após termos encarnado, é que ao final do aprendizado faremos nossa viagem de volta ao mundo espiritual, acompanhados pela Grande Dama, já foi mais pacífico dentro de mim, confesso. Esse solo  cheio de incertezas me revira muitas e muitas vezes quanto mais tenho mergulhado na espiritualidade. Faz parte do trajeto, eu sei.

Sinto que num momento de tantas e tão esperadas transformações, deveríamos abrir uma incansável discussão sobre como este processo encarnatório, e depois de caminho de volta, pode ser introduzido na experiência das nossas crianças. Lidar com este fato inegociável desde cedo, naturalizar este momento como parte da vida, poderia nos poupar de dores tantas vezes insuportáveis e ceifadoras.

Sim, claro que isso vai da orientação de cada família e suas crenças. Mas tratar disso também no coletivo, abre a troca justamente diante das diferenças e isso pode ser uma das formas de trazermos mais para perto a VIDA em seus vários compassos.

Estas  variadas dimensões do espírito e da matéria, que convivem com intensidade e harmonia e outras vezes com tantas dúvidas, mesmo assim acabam  apaziguando o meu coração. É um desafio que chega a tontear, faz rir, lágrimas pegam fogo e silêncios se fazem quase insuportáveis. 
É até bonito, de tanta força que tem.
Feito viver.
Mônica Bergamo

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