OLHE PARA O SEU CÉU INTERIOR Sexta, agosto 23 É textão sim.










Nascer, morrer, renascer. Muitas e muitas vezes em uma mesma vida, sem que necessariamente, a Grande Dama Ceifadora peça-nos companhia.
O mundo cheira a Plutão, Saturno também mas por enquanto Plutão vocifera em seu reino.
Astrologicamente, Plutão, regente de Escorpião, através de sua morada, ou em movimento através da nossa Carta Celeste e em aspectos que troca com outros planetas no céu, trata das finalizações, das profundas transformações interiores, do renascimento individual e coletivo. Microcosmos e macrocosmos.
 Convida a recontarmos a própria história através de processos dilacerantes para que possamos por fim alinhavá-los.
Senhor do mundo subterrâneo, Plutão é dono de um tônus singular. Cria bolsões de vazio borbulhante dentro de nós e a nossa volta. Impulsiona em direção a um movimento solitário, mas não nos deixa em silêncio com nosso mundo interno.
Exige que olhemos fixamente para nós mesmos.  Olho no olho, sem desviar o olhar. E aí percebemos que não podemos controlar o nosso sofrimento, o nosso medo de perder e outros tantos temores. Amores, hábitos, o cotidiano sem grandes surpresas e nem carecendo de grandes decisões, conceitos, ideias emboloradas, vitalidade murcha, horizonte embaçado e morno, atribuições sem sentido, aprisionados. A seiva dos relacionamentos fica exposta, com seus conflitos e recursos em carne viva.
Plutão não abre mão deste e de outros poderes e é o condutor do exercício no qual devemos prender todo ar a nossa disposição e submergirmos em direção ao nosso inconsciente. Na busca do quê? Dos nossos tesouros, enterrados tão fundo dentro de nós mesmos, que quase nem lembramos mais, que eles existem.
O caminho a este prometido tesouro é tortuoso, faz inverno na nossa alma, mas ele não permite descanso. Mostra-nos que a chama da VIDA está ali, e que temos a escolha de alcançá-la, conquistando e percorrendo cada milímetro da nossa Sombra para que então possamos parar de projetar no outro o que se passa em nós mesmos. Qual a sua, a minha a nossa responsabilidade?
O Brasil não se transformou no que aqui contemplamos de janeiro para cá. Mas como imaginar que nos colocarmos nas mãos de um homem como este poderia resultar em boa coisa? Como não antever que o estrago seria muito maior?
A forte desavença através da política partidária transformou-nos em suicidas manifestos, incapazes de acordos, de enxergarmos um pouco lá adiante.  Quanta coisa fervia baixinho nos nossos mundos subterrâneos, fermentando.
Talvez aí possamos compreender o porquê de tantos sentimentos raivosos, explosivos, odiosos, agressivos. O porquê de colocarmos nossa esperança nesse lugar. O porquê de tudo parecer tão óbvio para os que aparentam ter tudo tão claro, correto e tão obscuro para outros tantos.
A grande luta é com nós mesmos. Com os personagens, despreparados e ignorantes em suas almas e intelectos que andam por aí, mas que também temos bem aconchegados dentro de tantos.
Manifestamos fora o que está dentro e só com árduo trabalho sobre si poderemos de fato fazer diferença no coletivo, macrocosmos.
Toxinas psíquicas purgam, observem com atenção a paixão com que se tenta defender o que não é defensável?
Recuso-me a resvalar em questões partidárias. Não se perceberam, mas estamos todos no mesmo barco remando contra rochas nada dispostas a suavizar o caminho.
O processo civilizatório do mundo parece ter deixado de fora uma enormidade de pessoas que mais do que nunca se mostram convictas que podem discriminar, roubar, queimar, matar, esquecer que existe muita fome, muita dor, muito desamparo, frio, ausência de oportunidades, escolaridade, cuidados com a saúde, políticas preventivas que saiam do papel, promessas cuspidas da boca para fora. Alguém consegue imaginar o responsável administrativo de uma cidade sair sambando na Avenida comemorando a morte? Não deveria o responsável por uma cidade, comemorar índices de violência mais baixos, menos desemprego, assistência médica digna, merenda escolar garantida, violência diminuindo, morros apaziguados?
Cheira utopia esta escrita porque estamos tão longe de tomarmos posse destes direitos que parecem tão inatingíveis feito alguns contos infantis.
O mundo cheira carniça e enxofre, cheira sangue, cheira animais mortos, cheira pais separados dos seus filhotes, cheira populações ribeirinhas inteiras ameaçadas, cheia a dizimação de toda uma cultura que aqui estava antes de aportarmos com nossos ideais exploratórios.   
Por mais ações que se faça como chegar ao tumor primário devorador que destrói silenciosamente o que não interessa e multiplica o que destrói? Como fazer com que pare de criar tentáculos desvairadamente, morra de inanição e devolva-nos VIDA a ser reparada, desenvolvida, transformada?
O que o alimenta? Penso que a falta da educação básica, a boa alimentação das nossas crianças, a manutenção da saúde, estudo de qualidade que estimule a visão crítica, livros disponíveis, estímulo aos debates, currículo escolar inteligente, professores bem formados e remunerados, profissionais que possam trabalhar com alegria e tranquilidade porque existem programas de políticas públicas em ação que garantem o cuidado com seus filhos. Bons debates em casa, conhecer profundamente a História do nosso país, ter cultura política! Toda esta falta, nos torna presas fáceis e vulneráveis, prontas para sermos dragados rumo ao mundo subterrâneo que arde, nos tira o oxigênio, a esperança, e talvez a chama vital.
É o horror institucionalizado diante da passividade, do sentimento de impotência, do sentir-se perdido.   
Não trago novidade alguma com esse texto, apenas tentei organizar um pouco o meu caos, que transborda fogo e água salgada.
E não se iludam de que as questões graves estão lá longe inalcançáveis na China, nos acordos e desacordos entre países, na alta do dólar, na Catedral que pega fogo e floresta idem. Elas estão bem perto de nós.
Logo mais poderá observá-la na sua mesa, na escola do seu filho, no seu escasso poder aquisitivo que não dá conta nem do esforço gigantesco que você fez ao expremer e reduzir daqui e dali o seu viver, poderá observar nos postos de saúde, na ausência de medicamentos que definem se alguém segue ou continua. 
Eu acredito em milagres sim, que vêm do trabalho duro em busca da Consciência. Que muda percepções, visão crítica, atitudes, que nos dá voz, indignação produtiva e que assegura nossos direitos.




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