DIA DAS CRIANÇAS E A NOSSA CRIANÇA INTERIOR

 

 




Se tivéssemos a mais vaga ideia da real importância que as nossas experiências emocionais infantis têm em nossa vida adulta, certamente daríamos precoce e cuidadosa atenção a este assunto.

Você consegue imaginar o quando a nossa Criança Interior está presente nas nossas reações, decisões, escolhas em nosso dia a dia? Imagina o quanto ela se expressa através de nós adultos? Diria que o plantão que ela dá é daqueles 24h por dia, habitando inclusive nossos sonhos e planos.

O nosso potencial evolutivo, está lá.

A viga mestra do que construiremos, também.

Se concordarmos que a esmagadora maioria de nós adultos, por dor ou desconhecimento, não investigamos amorosa e corajosamente este altar da nossa alma, poderíamos considerar a imagem que me veio agora - uma porção de adultos inconscientemente comandados pelas suas experiências infantis dolorosas, sentindo-se frustrados, raivosos, deprimidos, exaustos, confusos, super protetores (presente!), muitas vezes projetando seus desejos insatisfeitos nos que estão sob seus cuidados. Foi assim antes de nós e será eternamente se não ficar claro, num processo quase que pedagógico e certamente psicológico, a importância de termos consciência deste processo, para podermos caminhar de outra forma e exercermos a nossa maternagem e paternidade com mais consciência.

Muitas vezes, pode parecer que o resultado disso é uma teia de acusações sem fim. Mas o adulto consciente da sua história, que pode clarear e traduzir seu passado, é capaz de anistiar, de verdadeiramente compreender que os responsáveis por cuidar de sua infância, eram possivelmente pessoas com vestes de quem sabia de si mas que carregavam em si uma criança machucada e desprotegida também impressa em suas vísceras, carnes, pele, voz, olhar, exigências, defesas.  Eram apenas vestes, embora suas atitudes, a partir de uma observação mais experiente e sensível, denunciavam o tempo todo aquilo que a maioria de nós possui – uma criança ferida, acuada, furiosa e sentindo-se traída, que nos habita.

Investir em um processo de autoconhecimento, me parece a grande possibilidade de cura. Porque o autoconhecimento ilumina nosso inconsciente, nos apresentando nossa Sombra, reparando entendimentos, aliviando pressões.

Precisamos conhecer nossa Criança, suas inquietações. E não importa se aí está uma Criança zangada, fechada, cheia de hábitos que não apreciamos.

Mergulharmos em busca da nossa energia criativa, cheia de possibilidades inovadoras do nosso caminho, na direção em sermos aquilo que de fato somos. Cada vez mais sermos quem somos verdadeiramente. Através do conhecimento da nossa Criança, esta jornada pode ser o que de mais enriquecedor poderemos viver. Porque nos possibilita a abertura das nossas cavernas particulares.

Nossos ancestrais e suas memórias estão em nós. Na entrega que não conseguimos viver, na recusa em aceitar o fato de que sim, podemos ser mais felizes e conscientes. Não precisamos de tantos NÃO POSSO ISSO, NÃO POSSO AQUILO. Que seja por você, através das suas experiências os SIM e os NÂO.  Este, deveria ser o grande compromisso.

Não é um processo acusatório e sim libertador!  

Acredito que a grande diferença seja percebermos a intenção dos que cuidaram da nossa infância. Uma coisa é a maldade, a má intenção. A outra, é o desconhecimento. Às vezes isso pode se misturar, mas é preciso investirmos no esclarecimento disso tudo.

Uma vez li que o salmão deixa o mar e sempre volta à nascente das águas em que nasceu. Seja lá como cada um vai fazer este percurso, é preciso retornar às origens para compreendermos onde estamos. Sinto assim.

Que nossa Criança Interior possa ser companhia das nossas descobertas, muito mais reais do que idealizadas.

Essas descobertas, talvez nos permitam sermos melhores seres humanos, pais, melhores companheiros de jornada, construtores de um mundo onde o afeto possa correr solto, com vitalidade, coragem e verdade. Sem dúvida, um mundo melhor, menos violento, com menos gritos abafados, com menos medo do amor.



Mônica Bergamo

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