SOBRE O DIA DOS PAIS




Aff sou toda errada em muitas coisas. Uma das coisas, é que apesar de não beber nadinha, sou movida a vodka russa. Da gema. E movida também a violinos.

Fiquei até de madrugada montando uma foto com meus pais. Fiz o texto no próprio FB, sem direito a rascunho. Postei. Arrependi. Levantei e exclui sem copiar o texto. Agora, arrependi de não ter salvado. A foto permanece. E me dá um desassossego tamanho que precisei reescrever.

Meu primeiro pai eu mal conheci. Quando eu era ainda um bebê, viajou para perto dos deuses. Mesmo assim, de tanto saber dele pelos outros que o conheceram, somos unha e carne. É ele quem me chama atenção com alguma poesia, quando olho e vejo um mundo que não quero.

O segundo amei feito doida. Fui chegando aos poucos, procurando uma brecha naquela criatura tão elétrica. Que de repente ganhou duas filhas e não tinha a menor ideia do que era isso.

Construí uma história em que me sentia próxima, cúmplice e era verdadeiramente muito dedicada. Pequenos gestos dele eu interpretava como grandiosidades e meu Saturno acenava tanto por um pai que fui me aconchegando na falta e me contentando com o que ele tinha para oferecer, até dez anos atrás quando levei um susto gigantesco e que talvez nem passe nunca.

E águas ferveram dentro de mim. Muito tempo depois, foram esfriando até que sumiram e escoaram de vez. Foi um grande aprendizado. Tão grande que mesmo com toda dor, agradeço porque me tornou mais real.

O terceiro é o pai que espiritualmente eu não poderia desejar outro. Seu entendimento do mundo me torna melhor e me acalma. É como se soubéssemos um do outro deste sempre, como se nossas almas sempre estivessem estado próximas. Trouxe junto com ele uma irmã que eu amo e é o melhor avô que minha filha poderia ter.

Bom, tive meu avô, que sempre considerei avô e não pai. Mas sua presença constante, doce e vigorosa me protege e acompanha até hoje.

Mas o que aprendi mesmo, após 55 anos de um Saturno incansável, é que quando encontramos o PAI dentro de nós mesmos, podemos anistiar os demais. Anistiar, perdoar e ter de fato o entendimento do que é humano, e portanto, falível. Sou profundamente grata à oportunidade de ter vivido esta experiência, sem Maya, sem aprisionamentos, sem ilusões. A realidade, apesar de tantas vezes ser um soco surdo, também é bela.

Isso não significa trazer para perto nem amar de novo. Não seria possível. Mas significa que está tudo bem e que seguimos em frente, olhando para a vida com bons olhos.

Feliz Dia dos Pais para todo mundo!

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