Já mencionei como para mim rituais concentram sentimentos, nos colocam em contato com o que de alguma maneira, fica pulverizado em nosso cotidiano. Só que agora, de uns dois anos para cá, não mais. Agora, é como se fosse tudo junto e misturado, sem divisórias nem do tempo e por muito louco que isso pareça, nem do espaço.
Como se vivesse
presenças que encontram-se em frequências
e densidades diferentes mas que mesmo assim podem coexistir com
naturalidade.
Tenho meus mortos muito próximos, mas
hoje nem consigo mais falar assim. Meus mortos. Embora tenha consciência plena que o grande
público possa duvidar da minha sanidade, nada disso me incomoda. OK, nunca fiz
ou deixei de fazer absolutamente nada tendo a opinião de outros como referência.
Não porque não os respeite. Mas porque acho mesmo que somos autores e
responsáveis pelo que escolhemos viver. Não desejo terceirizar escolhas. .
Sinto-me
protegida por eles, pessoas e meus animais que já se foram.
Me sinto amparada
pelas histórias, que sinto como um grande bordado que vai agregando elementos. Sonhei muito pouco com eles pessoas. Com meus
animais, tive sonho, experiencias concretas e outra que nem sei como se chama.
Mas sei que me comuniquei com eles e eles comigo, de maneira a me deixarem
pacificada com a ida deles. Com os
humanos, os cinco sentidos apurados.
Nascer, morrer,
transformar, renascer. Muitas e muitas vezes em uma mesma vida, sem que
necessariamente, a Grande Dama peça-nos companhia. Tenho vivido isso com
força nos últimos tempos.
É matemático.
Quanto mais o tempo acontece menos tempo temos por aqui. É um raciocínio lógico
num assunto que de lógico não tem nada, eu sei. Mas a partida das pessoas que
chegaram antes se torna mais frequente e com isso também a continuidade do
nosso desenvolvimento vai se aproximando.
Enfim, falo de
uma dança que observo claramente e na maior parte das vezes está tudo bem. A Energia Cósmica não se esgota, a existência
não tem fim.
Reverenciar a VIDA e seus ciclos. Feito
amores que atravessam o tempo.
Estas diferentes dimensões do espírito e da
matéria, que convivem com intensidade e harmonia, apaziguam o meu coração e a
minha saudade. Quando esqueço, que estamos todos juntos e misturados, mesmo que
em dimensões e frequências diversas.
Hoje assistimos
a uma guerra através das telas. Uma guerra grande e que pode tomar dimensões
ainda bem maiores. Nem a vida e tampouco a morte parecem importar. Existem
outros polos de guerra pelo mundo, mas a vida parece seguir como se não existissem.
O ser humano está transformando a vida num processo de bestialização, de
involução do processo civilizatório.
A violência,
parece ter se transformado oficialmente, em lugar comum.
O Sol atravessa Escorpião, Marte está em
Escorpião, a cara desse confronto. E ao mesmo tempo que transforma e renasce, Escorpião
vinga, oculta, habita onde Deus duvida e sobrevive, destrói, destila fel, ódio
corrosivo, é capaz de destruir a si mesmo. E tudo isso se espalha na fala, nas
atitudes, contaminando pensamentos que perderam a sua autonomia e parecem
apenas acompanhar multidões teleguiados por informações frágeis. Onde está o
cumprimento da Comissão de Genebra, a autoridade da ONU, o bom senso, a
empatia, o horror que mobiliza? Como mudar esta rota, como compreender que este
solo tão disputado, tão ensanguentado, que abriga tanto sofrimento, tantos
mortos vivos e tantas mortes poderá promover
paz? Famílias e histórias ceifadas. Isso tudo é muito mais do que uma questão geopolítica.
É espiritual. Nada vai terminar com a
eliminação da existência de pessoas e de coisas. Qual a solução? Não sei, quem
dera alguns soubessem, quem sabe ainda acontece? Até alguns dias eu ainda
acreditava na criação de dois estados independentes, hoje questiono tudo, pois
tudo se tornou inacreditável. Fala-se em nome de Deus e das religiões. É
trágico aceitar que qualquer inteligência superior, cada um a nomeia como
desejar é claro, poderia acolher tamanha ignorância? O que eu sei é que o
humano precisa buscar um significado para a VIDA e para a morte que tenha outra
dimensão que não os dogmas, a destruição,
as crenças alienantes. Que aprenda e apreenda a CRIAÇÃO.
Que a Sombra, sirva para conhecermos a nossa
dimensão como um todo, mas que a LUZ seja escolha consciente e caminho.
PS 1 - O que eu escrevo parece ingenuidade e
alienação? Pode ser sim. Mas me digam, deveríamos
acreditar e apoiar como solução o que o mundo tem assistido? Alguém coloca fé
que é para isso que estamos aqui?
PS2 – Falo aqui da manifestação do HUMANO diante
de uma situação como essa. Provocações, “tal país tem razão”, “tal crença é a
legítima ”, grosserias, palavras pejorativas, manifestações partidárias e
racistas serão convidadas a se retirar através de um bloqueio bem dado. Feito
aquele pé na b2nda inesquecível. Se alguma coisa pode nos ajudar a tomar outro
rumo, por certo são ideias libertárias, que contemplem amplamente, com respeito,
justiça e ética a situação deste infer4o a céu aberto.
"A morte deveria ser assim: um céu que
pouco a pouco anoitecesse e a gente nem soubesse que era o fim...".
Mário Quintana
Trilha sonora? Por enquanto, a mesma de sempre. Noturno
de Chopin ou então Albinoni, in Adagio for organ/violin & strings in
G minor regido por Herbert Von Karajan.
Imagem: Mister Blick via Pinterest
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